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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Crônica do dia: a simples gentileza ainda não está em extinção.

Ele estava ali sentado, naquele banco , em um ponto de ônibus. Um senhor, distinto, já bem vivido com seus expressivos anos, nascido em algum momento do século passado...
E  naquela manhã de outono.
Típica manhã de outono.
Clara e iluminada pela luz do Sol. Fria e inquietante pelo soprar do vento.
Olhava ao redor e todos ali numa mesma espera, cada um envolto em seus próprios pensamentos, mas atento aos seus destinos...
De repente, o destino de uma igualmente senhora parecia estar mais perto, logo ali se aproximava a sua condução...e ao levantar-se para caminhar até o ônibus que a levaria, sem perceber, na ânsia de não o perder, por pouco não perdia os óculos, que mergulhara no chão como se fosse alguém numa tarde quente do mais eletrizante verão a pular na piscina. A lente salta. Ouve-se um gemido quase que de dor: ai! e a expressaõ do lamento: que pena!!
Na voz trêmula da senhora que o deixara cair, parecia ainda mais triste aquela queda.
Mas de repente, um garoto já deste século- não tinha mais de 16- rapidamente se antecipa à senhora e lhe pega os óculos e a lente e com um sorriso gentil lhe entrega; ela já não demonstra mais dor ou lamento, mas agora o riso e a gratidão, já nem parece se lembrar que há pouco se lamentava e sorri e agradece; e entra na condução que tão logo se afasta e segue.
O homem que observava, também se alegra e sorri.
E vindo de uma geração onde se ouvia tantos "senhor", "senhora" "pois não". Pensa e quase declama além do seu coração: A gentileza ainda não entrou em extinção.

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